Augusto Giorgio Girardet

Muitos numismatas conhecem Augusto Giorgio Girardet apenas por ser o responsável pela variante “BBASIL” nas moedas de Rs. $500 e Rs. 1$ de 1922, comemorativas do primeiro centenário da Independência do Brasil. Erro que, inclusive, custou a exoneração de Girardet da Casa da Moeda.

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A famosa peça “BBASIL”, dee Rs. 1$ (Bentes 638.02 Erro). O equívoco custou a Girardet o cargo de mestre de gravura na Casa da Moeda

Mas nem só de choro e ranger de dentes é a história deste ilustre gravador e nem apenas de duas moedas compõe-se a sua obra. Abaixo, traduzimos do site Treccani a sua biografia, extraída do Dizionario Biografico degli Italiani.

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GIRARDET, Augusto Giorgio

Dizionario Biografico degli Italiani – Volume 56 (2001)

por Lucia Pirzio Biroli Stefanelli

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Fotografia de Girardet extraída do livro “Augusto Giorgio Girardet – Pai dos Gravadores Brasileiros”, de Adalberto Pinto de Mattos (Rio de Janeiro, Casa Minerva, 1955)

Nasceu em Roma, em 28 de novembro de 1855, filho de Giorgio Antonio e Teresa Severini. Estudou inicialmente com o pai, com o qual se formou também seu irmão um pouco mais novo, Enrico, e depois na Escola de Belas-Artes de Roma, onde teve como mestres Francesco Podesti, Antonio Allegretti e Giulo Monteverde.

Em 1883, foi a Paris para aperfeiçoar-se na gravação em metal. De volta a Roma, trabalhou para o negociante de camafeus de pedra dura De Felici (piazza di Spagna, 98), esculpindo camafeus e sinetes. Em 1886, doou ao Município de Roma, para o Museu Artístico-Industrial, um medalhão de bronze com os retratos dos soberanos da Itália e do príncipe herdeiro.

Em 1892, por sugestão de R0dolfo Bernardelli, participou e venceu o concurso para a cátedra de incisão de medalhas e pedras preciosas na Escola Nacional de Belas-Artes, no Rio de Janeiro. Mudando-se para o Brasil nesse mesmo ano, com o pai, Giorgio Antonio, manteve a cátedra até 1912, quando foi nomeado, sempre por meio de concurso, professor extraordinário efetivo, prosseguindo no ensino até 1934.

Por mais de 50 anos, período durante o qual obteve numerosos encargos e reconhecimento, Girardet ilustrou com suas medalhas a história oficial do Brasil, realizando, entre outras, as peças para a Associação para o Quarto Centenário da Descoberta do Brasil, em 1900 (São Paulo, Museu Paulista), e para a Exposição Nacional do Rio de Janeiro (1908), comemorando a abertura dos portos do Brasil ao comércio internacional. A essas se seguiram as medalhas para a visita do rei Alberto I da Bélgica (1920), para o primeiro centenário da Independência do Brasil (1922), para a inauguração da grande estátua do Cristo Redentor feita no alto do Corcovado, em 1931, e para o primeiro centenário do Colégio Dom Pedro II (1935). São suas ainda as 14 medalhas da série presidencial do Brasil, desde a do primeiro presidente, Deodoro da Fonseca (1889), à de Eurico Gaspar Dutra (1950). Uma série de bronze está em Roma, no Museu Boncompagni de Artes Decorativas.

Além da produção brasileira, devem-se destacar ainda as obras destinadas à Itália. Em 1901, executou um medalhão (21,5 cm de diâmetro) com o retrato de Giuseppe Verdi (anverso) e a representação alegórica das obras do compositor (reverso), doação de Girardet à Casa de Repouso Verdi de Milão, peça agora no Museu Teatral Alla Scala (Sala Verdi). É de 1930 a medalha do casamento de Giovanna de Saboia com Bóris da Bulgária.

Girardet, que havia se casado em 1906 com a italiana Giuditta Rolli, morreu em 14 de agosto de 1955, no Rio de Janeiro.

O Ministério da Educação e da Cultura brasileiro adquiriu da viúva todos os últimos trabalhos do gravador – entre os quais há também incisões em pedra dura –, atualmente expostos no Museu Dom João VI da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em um pavilhão dedicado a Girardet. Um retrato do gravador em sua mesa de trabalho, obra do pintor Rodolfo Amoedo, está no Museu Nacional de Belas-Artes, no Rio de Janeiro. Uma mostra das medalhas da série presidencial Augusto Girardet foi organizada em 1988, no Museu Dom João VI.

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Fontes de bibliografia: Roma, Soprintendenza speciale per l’arte contemporanea (Museo Boncompagni per le arti decorative), Fondo Girardet; Musica e musicisti (Milão), 15 de maio de 1904; La Patria degli Italiani (Rio de Janeiro), 3 de junho de 1904; La Tribuna, 29 de dezembro de 1904; Correspondence. Rio de Janeiro, in The Studio, XXXVII (1906), p. 179; R. Righetti, Incisori di gemme e cammei in Roma, Roma s.d. (mas de 1952), pp. 63, 85; A. Pinto de Mattos, A. G. G. pai dos gravadores brasileiros, Rio de Janeiro, 1955; Exposição A. G. G., seus discípulos e continuadores (catal.), Rio de Janeiro, 1955; E. Ramos Peixoto, Exposição comemorativa do centenário de nascimento de A. G. G.…, in Anuário do Museu Nacional de Belas-Artes, XIII (1955-56), pp. 31-61; C. Johnson, in Musei e gallerie di Milano. Museo teatrale alla Scala, II, Milão, 1975, p. 346 n. 1304; Medalhas série presidencial A. G. (catal.), a cura di C. Castro, Rio de Janeiro 1988; U. Thieme – F. Becker, Künstlerlexikon, XIV, p. 164.

4 comentários em “Augusto Giorgio Girardet

  1. Falta mencionar a medalha que muitos a se referem como sendo a obra prima deste granador: medalha referente a nomeação do primeira cardeal da América latina e do Brasil pelo então papa Pio x. Cardial Joaquim Arcoverde.

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